terça-feira, 20 de novembro de 2012

A LENDA



















Sou o dia
Em que o sono não veio
Em que a fome não veio
Em que a sorte não veio matar.

Sou o eclipse lunar
O terrestre
Sou o cabra da peste
Que não veio matar.

Sou o sangue esculpido na areia
Onde o vampiro esperneia
Mas não veio matar.

Sou a teia de amores perdidos
Sou os amores em tempos perdidos
Sou o tempo perdido
Sou o perdido
Porem o perdido não veio matar.

Sou a pena
Que pena
E que caminha no vento
Sou forte
Mas o forte não veio me matar.

Sou a ceia
Que não mata tua fome
Sou água
Que não mata tua sede
Sou a morte
Que não se mata
E que não veio matar.

Sou da paz
Sou da guerra
Sou o canto
Do encanto que se encerra
E que ainda não veio matar.

Sou a bolha de sabão estourada
Sou caneta com tinta borrada
Sou do nada
E o nada não veio matar.

Mas tu...
Tu és o amor
Tu és o amor
Tu és o AMOR!
Que mata o sono do poeta
Que mata o dia do poeta
Que mata o sonho do poeta
E que ainda não matou o poeta
Na esperança de que um dia
O poeta possa ser o amor
O poeta possa ter o amor
O poeta possa se fazer do amar.

                                     Vinicius Fernandes




quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

POEMINHA DE CARNAVAL I

Sentei
E agora escrevo
Mais uma poesia
Vazia na dor
De um filho da luta
Da luta...
Filho?
Escuta 
E chuta para longe
A parte desta rima
Que insiste em ser transcrita.

Seu filho da santa hora
Que o dia aponta
Espanta
Anta.
Preguiça mórbida
Sórdida é a presença 
Do canto dos papagaios

Seu filho da da poeira cósmica
Come a fruta do fruteiro da esquina
Pois é quarta-feira
E ainda restam as cinzas do carnaval.

                                       Vinicius Fernandes

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

SÍNTESE DE AMAR






















Transcorro o passo
Como monto uma rima
Devolvo as vozes que sonham
Em amar mais que a verdade.

Transcrevo o sono de noites sóbrias
Desenho rotas nas encostas
Desenho nota que se esgota
Ao desejo de ser mais que o amor.

Traduzo o sopro
Como um elemento constante
Dos vibrados ao ouvir
E no soneto a sentir
Um som que sofra
Que quebra rouca um
E mais um.

Pouso agora no Poeta
Ponho o sonho no Poeta
E uso a rima do Poeta
Que quer na extremidade da saudade
A síntese de ter amor
Na beleza de ter amor
A ternura de poder amar.

                                         Vinicius Fernandes

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

ESPECTRO
















Hoje não quero mais a capa
Não quero o mapa
Nem a fotografia
Não quero a ordem que foge
Não quero o molde que dobre
Não quero a rima tardia.

Quero as folhas e o vento
Desenhando o relento
Da vida de entre linhas
Que te tempo eu tempo
Sopre o rumo desviado
Que sofre mais que o cantado
De mais uma noite sombria.

Não quero a capa!

Quero as rotas perdidas
Entre a espera do ser
Que entre as trilhas mandadas
É sonora do ter.

Não quero o mapa!

Quero mais um movimento
De imagem ambulante
Que troca o espelho
Da pálida amante
Por um   espectro seguro.

Nem Fotografia!

Quero a harmonia das marchas
A sintonia das placas
Em caminhos dobrados
Que em seu rumo desdobre
A mais nobre poesia.

Quero fugir da métrica
Enquanto tira a estética
Sem sonho, sem prosa
Quero o chão
O cão
O não
Quero rimar terra e água
Chão e chuva
Quero mão e a luva
Do meu ser
Em teu ter amor.




                           Vinicius Fernandes

PODERES


















Das noites de sorrisos abertos
Que discreto e preso
É o tom que tomba
Que zomba da vida deserta
Pois é na mira certa
Que caminha para o estranho
Onde me faz estranho o desejo retido no suor.

De repente na cama minha
Despensa a dor de ser mais que um
Que pensa...
E novamente caminha  
Na direção constante
Entre terra e céu
Numa só energia
Do poder alem
Que contagia e muito alem
É ser dito, maldito
No mito é ser o amor
E nunca mais poder amar.


                                       Vinicius Fernandes

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

RAZÕES


























Lá das terras fundas
Onde repousam os dias
O dourado solar é riqueza da manhã
Crescida no balançar da rede
Amadurecida no cantar do bem-te-vi.

As terras fundas da calmaria
Pacata como os grandes centros
De Sonhos e nostalgia
Onde a paz que reina é veloz.

Nas terras fundas ou sonho
Ou voz quebrada em lágrimas
Ou a contagem regressiva
Ou a ideia regressiva.
Onde “o real é a face transitória da realidade”
Ou coragem
Ou medo

E o medo
O passaredo
O segredo
O gemido do começo de uma meta
Que desconexa detesta sintonia

Que Tonica detesta o não ser
Para amar sem razão.


                                     Vinicius Fernandes

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

REVERSO























Num quase ou agora
Meu tempo parou
Em respeito a minha mente
Não se mete
E me remete as palavras capitaneadas
Em portos de navios naufragados

Num quase ou agora
Ouvi o grito do silêncio
E a paz que nele reinava
Interrompeu-se às pressas
Cortado em poesias filosofais.

E aqui estou...
Cantando as horas
Contando os dias
Encantando o verso
Restrito ao teu monumento
Que agora é meu.

Num quase me perco
Perco minha poesia
Que há tempos não mostrava
O mapa do meu tesouro
O meu berço esplêndido
O alerta de meus fragmentos
Que pouco a pouco retoma os versos
Que tão incertos, são certos
E muito alem disso...
São teus.

                        Vinicius Fernandes