segunda-feira, 26 de junho de 2017

ORAÇÃO DA QUEDA












Encontro ponto e ilegítimo rei
Folha extensa aberta ao tempo
Poesia intranscendente
Ímpeto do relento insosso

Ao vil enfeite de maldade
Ao sórdido arquétipo poético da infâmia
À rusga ignomínia da aurora
À dose do amargo remédio sombrio

Convidá-lo-ei a pedir-lhes licença
E recolher-te a insignificância
Da manjedoura das profundezas
Com os bancos de ódio
Dos oceanos secos e mágicos em pó

Veneno moderno ao povir dos sonhos
Fruto podre do abismo de arranhas céu
Rogá-lo-ei pela célere queda do teu rasante
Voo do efêmero ao acoite
Abutre repugnante dos olhos de fel.

25 de junho de 2017
Vinicius Brasilino



quarta-feira, 9 de novembro de 2016

DO CORAÇÃO E DA AMÉRICA LATINA




Ante o florescer dos sonhos tardios
À aurora trevosa dos tempos modernos
Ante o grito dos inocentes culpados
Ao temor no futuro dos sonhos sem ilusão
Ante a centelha da esperança enraizada
À desilusão transitória em um mundo de liberdade, amor e paz
Ante o alimento dos esfomeados organizados
À sede perversa dos que maggicamente tem o que comer
Antes, o andar nas nuvens de sonhos estilhaçados
Hoje, o corte mesquinho na carne de nós
Antes, diziam e nunca estiveram conosco
Hoje, em meio ao tempo perdido dilaceram a nossa voz
Hoje, urge as trevas das grandes maldades
Amanhã, o amanhã será um dia muito melhor
E de gritos subterrâneos brotarão como flores para as batalhas
Para nascer uma nova terra liberdade
Para fazer a arte de um novo povir.

09/11/2016 11:32


Vinicius Brasilino

sábado, 23 de fevereiro de 2013

METÁFORA
















Minha metáfora
Está fora
Dos padrões de legitimidade
Da língua portuguesa
Está fora
Das metas e das métricas
Da pontuação burguesa.

Está fora
Das regras de legalidade
Dos mimos da impunidade
Do terço da verdade
Fora de padrões
Da rima da beleza.

Minha meta
Está fora
Da sua vontade
Fora da sua alergia
Fora da sua bondade
Fora da sua alegria.

Fora de mim
Mantenho minhas metas
Que horas certas
Componho minha vida
De metáforas vazias

E que nas horas incertas
Componho minhas metáforas
Entre o amor e o ódio

De rimas e poesias.

                         
                        Vinicius Fernandes

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

QUERO E POSSO


















Quis cantar os rumos
Que meu destino pediu
Entretanto ainda não encontrei
O tom, a harmonia
Nem a nota certa.

Quis contar os rumos
Que meu destino pediu
No entanto não encontrei
A palavra, a vida
Nem a rima certa.

Quis viajar nos rumos
Que meu destino pediu
Porem não encontrei
O dia, a mala
Nem a rota certa.

Quis a poesia nos rumos
Que meu destino pediu
Portanto não encontrei
A inspiração, o tempo
Nem a hora certa.

Agora que desisti

Posso contar no meu canto
Posso viajar no meu conto
Posso meu cantar no meu conto
Posso seguir todos os rumos.

Posso
Olhar
Escrever
Seu
Intenso
Amor.

Posso ser seu amor
Posso ser poesia.

                        Vinicius Fernandes


OPÇÃO


























Optei acordar e sorrir
Perder o tempo
Ganhar um tombo
Rever o contrário
E prever a felicidade.

Optei sentir e sorrir
Se fazer horizonte
Não perder a memória
Não reverter a razão
E sonhar.

Optei esperar e sorrir
Desesperar e correr
Se fazer brisa
Respirar o dia
E arrepiar.

Optei transcender e sorri
Ai... escolhi a poesia
Esperei a poesia
Escrevi poesia
Virei poesia
E sorri.

Então optei viver
Optei viver o amor
Optei viver o calor
Optei viver decididamente
Em poesia.


                    Vinicius Fernandes



domingo, 10 de fevereiro de 2013

POEMINHA DE CARNAVAL II



















Sentado novamente
Espremido num feixe de luz
Observo que o silêncio
Continuamente se foi.

Deve estar cansado
De ouvir a santidade sã
De sentir a cidade irmã
De mentir de verdade ao clã.

De estar com a alma despida
Da lua que desliza no inverso
E silencia-se em rimas e versos
Já que o silêncio
Continuamente se foi.

Deve estar cansado
Das mesmas cores
Do lisonjeio dos mesmos amores
Do cantar e dos mesmos cantores
Cansado do infortúnio mal.

Deve estar usando as mascaras das mesmas flores
Pelo cais onde a poesia libera os odores
Já pensando nas cinzas da quarta-feira
Em pleno domingo de carnaval.

                         
                                 Vinicius Fernandes

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

REVERSO/OSREVER

















Depende de como as flores nascem

Para que o amor floresça
Para que a felicidade apareça
Para que o dia amanheça

Depende de como o sol nasce

Para que a luz revele-se
Para que a cor explore-se
Para que você encontre-se

Depende de como a sorte nasce

Para que o nascer seja louvável
Para que o viver seja desejável
Para que o sentir seja agradável

Depende de como a dor nasce

Para que sofrer seja inevitável
Para que a saudade seja instável
Para que o lembrar seja memorável

Depende de como a história nasce

Para que o encontro seja perfeito
Para que a vontade seja um direito
Para que o final seja feliz

Depende da poesia.
                            
                                Vinícius Fernandes

sábado, 2 de fevereiro de 2013

ESSÊNCIA






















Eu que não entendo o entender
De algumas coisas
Sou santo demais para cantar
O encanto das almas delirantes
Sou alto demais para amar
As flores dos amantes
Sou dores demais para dourar
As estrelas estreantes.

Eu que não olho o olhar
De algumas coisas
Sou cego demais para destilar
A verdade verdejante
Sou bom demais para pitar
O cigarro da cigarra cantante
Meu tom é demais para esconder-me
Na sombra do vivente errante.

Eu que não entendo o olhar
De algumas coisas
Olho o entender
De algumas vezes.

Ele
É mais que santo
É mais que flores
É mais que dores

Ele é menos que cego
Ele é menos que bom
Ele é mais que seu tom
Ele é mais que seu dom.

Ele é só 
É poesia.

            Vinicius Fernandes