Hoje não quero mais a capa
Não quero o mapa
Nem a fotografia
Não quero a ordem que foge
Não quero o molde que dobre
Não quero a rima tardia.
Quero as folhas e o vento
Desenhando o relento
Da vida de entre linhas
Que te tempo eu tempo
Sopre o rumo desviado
Que sofre mais que o cantado
De mais uma noite sombria.
Não quero a capa!
Quero as rotas perdidas
Entre a espera do ser
Que entre as trilhas mandadas
É sonora do ter.
Não quero o mapa!
Quero mais um movimento
De imagem ambulante
Que troca o espelho
Da pálida amante
Por um espectro seguro.
Nem Fotografia!
Quero a harmonia das marchas
A sintonia das placas
Em caminhos dobrados
Que em seu rumo desdobre
A mais nobre poesia.
Quero fugir da métrica
Enquanto tira a estética
Sem sonho, sem prosa
Quero o chão
O cão
O não
Quero rimar terra e água
Chão e chuva
Quero mão e a luva
Do meu ser
Em teu ter amor.